quarta-feira, julho 25, 2007

A magia dos musicais

De volta ao vício da fotografia.

Desta vez, tive a sorte e o prazer de ter sido autorizado a fotografar um novo espectáculo.
Main Event Espectáculos - Tem um projecto musical baseado numa "mistura" de vários musicais marcantes, que nos acompanharam ao longo da vida.

A magia dos musicais, leva-nos num passeio de carrocel cheio de emoções e sensações. Passando por Cats, Miss Saigão, Rei leão, O fantasma da Ópera, Os Miseráveis, entre outros, remete-nos aos grandes musicais que nos acompanharam na nossa vida.


Bem... O espectáculo em si... espero que consiga vir a arranjar a gravação áudio do mesmo, e talvez consiga ter autorização para colocar aqui... Foi fantástico. Apesar de algumas dificuldades técnicas, o som saiu forte e preciso. As luzes foram muito bem desenhadas e preparadas.

Os músicos, brincaram, fizeram rir, e deliciaram-nos com as suas interpretações. Mas mais do que isso, foi a cumplicidade que este trio demonstrou em palco.

Os cantores... Que posso dizer deles... Bem posso dizer que é sempre engraçado ver "de fora" as reacções de cada um deles. Antes de falar da performance em si, sorrio sempre que me lembro das maneira com que cada um lidava com os nervos e as emoções. Posso dizer que realmente "cada cabeça cada sentença". Desde um que estava sempre sorridente e divertido, ao outro que estava sempre a pensar já na próxima música, passando pelo que nem abria a boca exceptuando quando tinha mesmo de o fazer, ou até pelo que andava sempre a correr de um lado para o outro a ver se estava tudo a correr bem.

Mas, o que conta é que realmente a performance em palco... E ai, meus amigos, digo só que conquistaram o público de Santo António de Cavaleiros, sendo surpreendidos no fim por uma ovação de pé, por parte de todas as pessoas que, durante 2 horas, ficaram maravilhadas a ve-los e a ouvi-los.




Ficha Técnica

Cantores:
Sofia de Castro - soprano
Cláudia Baião - soprano
Inês Madeira - mezzo-soprano
Pedro Mimoso - cantor ligeiro
Diogo Oliveira - baritono

Músicos
Abel Chaves - piano
Hélio Gonçalves - contrabaixo/tuba
João Luis Português - bateria

Luzes e som - Janitasound
Figurinos - Pessoa Júnior

quinta-feira, julho 19, 2007

Chill Out

Aqui deixo uma das músicas que me tem acompanhado já há alguns anos...

De vez em quando apetece mesmo entrar em momentos de "Chill Out" e apenas fechar os olhos e ficar a ouvir o dedilhar de dedos mágicos nas cordas de uma guitarra.

John Lee Hooker Obrigado por seres o mestre que és.
Carlos Santana... Keep Playing.

sábado, julho 14, 2007

Obrigado Jorge

Dedicado a todos os meus amigos ;)

quarta-feira, julho 04, 2007

O valor...

O valor que o peido tem

O peido é bom toda hora
Sem peido não há quem passe
A criança quando nasce
Tanto peida como chora
Um peido ao romper da aurora
Eu não troco por ninguém
Há noites que eu solto cem
Peidos grandes e pequenos
Já conheço mais ou menos
O valor que o peido tem

Um velho já moribundo
Nas agonias da morte
Soltou um peido tão forte
Que se ouviu no outro mundo
O peido gritou no fundo
Que só apito de trem
O velho sentiu-se bem
Levantou-se no outro dia
Dizendo a quem não sabia
O valor que o peido tem

Pela porta do bufante
Para não morrer de volvo
Diariamente eu devolvo
peido grande a todo instante
O sujeito ignorante
Não me compreende bem
Fecha a porta do "sedem"
Deixa o peido apodrecer
Esse morre sem saber
O valor que o peido tem

Um peido silencioso
Por baixo de um cobertor
É tão grande o seu valor
Que descrevê-lo é custoso
Cheira mais que o mais cheiroso
Vale de Jerusalém
As roseiras de Siquem
As savanas do Saara
Nada disso se compara
O valor que o peido tem

Ofende muito a pressão
peido grande encarcerado
Deixa o corpo aliviado
Depois que sai da prisão
As veias do coração
Controlam-se muito bem
Sente o coração também
Uma alegria sem par
Ninguém sabe calcular
O valor que o peido tem

Uma dor que faz mudar
A cadencia dos ouvidos
São os peidos recolhidos
Que você não quis soltar
Não vá se... prejudicar
Em respeito a seu ninguém
O velho Matusalém
Quase mil anos viveu
Porque toda vida deu
O valor que o peido tem

Um negro foi se casar
Ou se casava ou morria
Peidou tanto neste dia
Quase derruba o altar
A noiva foi reclamar
Findou peidando também
O padre disse meu bem
Ninguém dar mais do que eu
O valor que o peido tem

Peido azedo de água soda
Fede a casca de limão
E de jabá com feijão
Passa folgado na "roda"
Peido nenhum se encomoda
Com censuras de ninguém
Presta um favor quando vem
Aliviar quem padece
É quando a gente conhece
O valor que o peido tem

Peido fedendo a chulé
Num samba de madrugada
Sai com tanta misturada
Que ninguém sabe o que é
Mais um peido de Pelé
Jogador que vive bem
Passa veloz no vintém
Não há goleiro que pegue
Nenhum bom juiz que negue
O valor que o peido tem

Que prazer eu não teria
Se um peido se apresentasse
Bem fedorento e peidasse
Deixando a fotografia
Mas o peido não confia
Nos olhos de seu ninguém
São mistérios do além
Não posso compreender
Mas vale a pena saber
O valor que o peido tem

Um peido em pleno verão
Cheirando a cú de veado
"Tava" sendo arrematado
Numa festa de leilão
Quando chegou num milhão
Não quis mais gritar ninguém
Naquilo o prefeito vem
Dizendo a honra me cabe
Minha prefeitura sabe
O valor que o peido tem

Dizia o velho Abranhão
Para seu neto Isau
O peido agradece ao cú
Depois que sai da prisão,
Peidava um tal de Sansão
Pelado, e cego de guia
Temendo a onda bravia
Moisés peidou no oceano
E o papa no Vaticano
Só peida uma vez por dia

Alguém disse que Jacó
Quando casou com Raquel
Passou a lua de mel
Peidando de fazer dó
Esse parente de ló
Era genro de Labão,
Davi, pai de Salomão
Poeta, Rei e pastor
Peidava fazendo amor
Na cama fria do chão.

O homem velho esmorece
Assim que a noite aparece
Se deita e faz uma prece
Lá num canto da parede,
Meia noite se levanta
Com secura na garganta
Pega um caneco de "frande"
Vai ao pote mata a sede
Solta quatro peido grande
Volta cegado prá rede.

Peido fino é safadeza
Peido alto é cretinice
Peido suave é meiguice
Peido baixo o é sutileza
Silencioso é firmeza
Peido brando indica paz
O grosso é dos anormais
Sempre indica frouxidão
Mas chegando a perfeição
O homem não peida mais.

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Otacílio Batista Patriota

Valsinha

Valsinha

Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a dum jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto convidou-a pra rodar

Então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça foram para a praça e começaram a se abraçar

E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade que toda a cidade enfim se iluminou
E foram tantos beijos loucos
Tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu
Em paz

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Vinicius de Moraes – Chico Buarque