terça-feira, março 21, 2006

Empadão do Casal Ventoso

Vá, não estejam já para ai a achar que o empadão do casal ventoso seja algo mais líquido e servido numa colher queimada.

Ontem tive a sorte de conhecer um dos mais velhos moradores do famigerado, e até muito evitado Casal Ventoso.

Numa das mais compridas ruas da cidade de Lisboa (rua Dona Maria Pia, nº455) há um pequeno restaurante familiar. Venda o almoço a quem desejar comer bem por pouco dinheiro, e para alguns mais conhecidos, marca jantares com grupos de 6 a 8 pessoas.


O restaurante é um pequeno museu etnográfico. Recheado com relíquias que o Sr. Vítor Relvas adquiriu ao longo destes anos todos em que morou ali no bairro, ali e não só. Para quem quiser ouvir as fantásticas histórias que ele terá para contar, irá viajar pelo mundo fora.

As fotografias da altura em que era apenas um bairro fabril, uma chapa para a sopa dos pobres, as casas de lata (não as barraquinhas dos tóxicodependentes) mas as primeiras casas de lata a aparecerem lá. O casal ventoso foi o primeiro bairro de lata a aparecer em Lisboa (e até em Portugal). Segundo estudos feitos nos anos 60, terá sido a zona da Europa com maior densidade populacional por metro quadrado.

Depois a sala de jantar. Viajei no tempo e encontrei-me novamente em casa da "avó". As mesmas paredes brancas, o armário da louça. A própria louça. Ainda me lembro da minha avó ter serviços tão parecidos com aqueles. (E sempre que vou a casa dela, lembro-me do mesmo tipo de armário para guardar a louça e eles estão a mais de 300km de distância)

E por fim o Empadão... Delicioso...

Claro que cada um pode pedir mais coisas, desde o bife até ao bitoque e por ai fora... Mas para que??? Com um empadão daqueles, feito com arte, experiência e até demais sabedoria? Sem esquecer claro o toque mágico, o carinho que o Sr. Vítor coloca em tudo o que faz.

Depois é comer. Comer e ouvir as histórias do Bairro e das vivências dele. E pior que ouvir é ler. Pois é, ele possui um enorme conjunto de jornais e jornalecos de bairro. Que contam as histórias das pessoas no seu dia a dia. Desde o jornal do clube de futebol "O Lisboa" até ao Jornal dos "Moradores do Ventoso". Um deles datava a edição número 1 do Ano do Senhor de 1979 (Eu tinha 1 anito).
E claro. As notícias. A crise aumenta. Os preços sobem mas os ordenados mantêm. Alias, no fim de ler alguns daqueles jornais, até diria que mudando a data de publicação, e o nome das personagens... Podia-se voltar a editar agora os jornais que as pessoas reconheceriam as notícias do nosso dia-a-dia.

E no fim claro, lá tive de trazer o cartão da casa... E que melhor tipo de cartão do que um pedaço de folha carimbado???

p.s. - Como já repararam o número ainda é o antigo:P (se merecerem eu dou o novo:P)

4 comentários:

Anónimo disse...

Só não contaste como é que foste lá ter... é que geralmente as pessoas normais não vão para esses lados (:P)

E pessoas como eu, conseguem amanhar-se mal e tal por lá?
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BlueTraveler disse...

Por acaso fui para lá... nem sei bem como... fui enganado... Mas sinceramente não sei se te safarás por lá... Eu estava a pensar juntar um grupinho bom para lá ir (Grupo andanças) Mas claro iria primeiro telefonar ao sr. Victor para saber se existe lá saladecas (:P)

p.s. - E já agora... Desde quando é que eu sou uma pessoa normal??? (A)

marta disse...

Com que então os Senhores da IBM vêm ao meu empregozinho entregar 2 computadores na sexta... Tão bonzinhos, não sei como conseguiste lá emprego :P

BlueTraveler disse...

Enganei-os bem :P