quinta-feira, março 08, 2007

La Tigre e la Neve

Depois de um ter vivido um milhar de sentimentos distintos.
Depois de ter passado quase 2horas a rir... chorar... sorrir... encolher-me no sofá... Sentar-me rapidamente como se uma mola me empurra-se... rir à gargalhada... e por fim ficar enternecido a olhar...
Tive de vir aqui.

Roberto Benigni criou um filme cheio de emoção, sentimento, comédia, paixão, amor... eu sei lá.

La Tigre e la Neve é um filme que nos transporta entre o sonho e a realidade das personagens. Que nos leva em viagens reais e surreais. Que nos deixa perguntas sem respostas e outras certezas sem perguntas.

Um poeta vive, ama, sofre... Mas é feliz. Sofre e chora como todos, mas sofre ainda mais porque é feliz. Sente a solidão e a destruição que há em sua volta... Mas ainda mais que os outros porque é feliz. E é feliz porque ama. Porque sabe o que é o amor e quer amar. Porque é capaz de esperar 8 meses até que a palavra certa saia. Porque é capaz de se deitar no chão... Porque é nessa posição que se vê melhor o céu.

Não tem medo de cheirar a camelo. Tem medo, sim, de se zangar com uma palavra. E é capaz de ficar zangado com ela, até ela ir-lhe pedir desculpa por não ter entendido o que ele realmente queria dizer e ter-se forçado no seu cérebro.

Tem medo de não conseguir fazer pular o coração dos outros da mesma maneira que o pula no peito o seu próprio coração.

Medo de se fechar e deixar que tudo à sua volta passe tão depressa que ele não é capaz de olhar para cada pedaço com calma e atenção.
Um poeta não vê, olha! Observa tudo!

Um poeta imita uma árvore, se um pássaro poisar no seu ombro.

Infelizmente não sou poeta... Nem quero ser! Mas quero observar o mundo. Sofrer porque sou feliz, chorar porque estou contente, rir porque estou vivo, e a vida deve ser feita a rir.

Enquanto escrevo isto, deixo as teclas de um piano invadirem-me os tímpanos. Aproveitando ainda o portátil ligado à aparelhagem, ouço a banda sonora do filme que falei no último post e ao qual não lhe fiz render a sua devida homenagem. Mas não me vou repetir falando dele... Vou sim é dizer que escrevo... Porque me apetece... E apetece-me escrever sem ter nada para dizer!

Falar de como me correu o dia faz-me perder a paciência, por isso, nem disso vou falar... Apetece-me... lembrar... lembrar-me de imagens...

De como estava a lua no sábado passado, muito antes do eclipse, eram umas 18h e conduzia o meu saxo no caos da 2ª Circular em Lisboa. Encontrava-me já atrasado, e apesar de não ultrapassar muito os limites de velocidade, tive de abrandar e olhar para ela... Ela lá estava, cheia e imponente, sentia que se esticasse o braço lhe conseguiria tocar...


Hoje, quando sai do trabalho, não me apeteceu ir logo para casa, então, estacionando o carro à porta, sai em direcção a um café... Fui beber um galão e comer um bolo... Sim eu sei que estou de dieta, ou deveria estar... mas soube tão bem... Não o bolo por ser bolo e doce, mas a calma... O ver ainda o sol a preparar a sua cama para se deitar... O sentar-me no café enquanto falava ao telemóvel e olhava as pessoas à minha volta... Depois ir para casa, vestir o fato de treino e sair para dar uma volta e fazer um pouco de desporto... Estou a adorar caminhar pelo meu bairro à noite... Ver as pessoas que olham para mim como se de um louco se trata-se. Um gaijo, no meio de uma cidade atarefada e sempre atrasada para tudo, com os phones nos ouvidos, vestido com um fato de treino e a caminhar com o passo acelerado.

Agora que aqui estou a escrever isto, vejo uma imagem... não algo que tenha visto, mas que me contaram ao telefone... O pôr-do-sol... Quando o sol chega aquele ponto em que ainda não entrou na cama, mas já esta com o pijama vestido... Aquele amarelo que não encandeia quando se olha, mas que atrai... Que nos acalma... Só posso agradecer por me terem contado esta imagem...

Não sei o que fazer a seguir... Devia ir para a cama descansar... Mas sabe tão bem estar a ouvir este piano... Sentir a vela arder ao meu lado...

Já sei... vou levar a vela para a sala e lá deitar-me-ei no chão... com a música a entrar em mim...

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