"Como dava beijos lentos, duravam-me mais os amores"*
Largo de Santo Antoninho.
Ouve-se a música de um vizinho qualquer. O bater das asas de vários pombos esvoaçantes.
O eléctrico passa várias vezes, para cima e para baixo, sempre ao seu ritmo assíncrono.
Várias almas circulam, cada um no seu tempo. Cães transitam tanto à frente, com atrás de seus donos!
Ouve-se o grito alegre das crianças que brincam. Às vezes, também as insinuações maldosas de umas para as outras.
Ao longe, ouve-se a voz de uma mãe que tenta impor algum respeito nas suas crias.
O chiar da corda da roupa junta-se a harmonia de vida própria do bairro.
Uma camisola verde aparece-me à vista. É já a segunda vez que me entra assim no olhar. - Gostava de a fotografar. - Penso.
Um grupo de cinco adolescentes entra no largo, mantendo sempre o ritmo da vida do mesmo. - Cátia Santos - distingue-se entre as palavras que eles trocam. Não faço ideia de qual delas é!
Ouve-se agora a música de outro vizinho. Uma voz masculina, grave, lenta, aconchega agora o bairro. Impera o silêncio.
A música lenta e distante provoca um baixar do barulho constante.
Numa janela de rés-do-chão, distingue-se os contornos de uma face já marcada pelo tempo. Uma velhota espreita o seu Antoninho.
Não sei precisar à quanto tempo, aquele olhar atento ali se encontra, mas desconfio que há bastante.
Nada parece escapar à sua vista rodeada de rugas.
Na esquina oposta, contorna um velhote com alguns sacos nas mãos. Acompanho as suas passadas, e noto, que se dirige a porta da nossa rugosa observadora.
A janela esta fechada! Não existe nenhum olhar observador dentro dela.
- Estaria a olhar a vida enquanto esperava o seu companheiro?
Acompanhando a green, delicio-me com uma castanhinha (pequeno bolo de chocolate coberto com um creme também do mesmo sabor). Delícia que se encontra aqui na "Da Mariquinhas".
Ao longe ouve-se uma sirene, portas a abrir e a fechar, pessoas a circular.
Aaahhhhhh. Que bem que se passa uma tarde solarenga num bairro lisboeta. Ser um eterno turista nesta cidade.
*Ramón Gómez de la Serna
in "Greguerías"
Largo de Santo Antoninho.
Ouve-se a música de um vizinho qualquer. O bater das asas de vários pombos esvoaçantes.
O eléctrico passa várias vezes, para cima e para baixo, sempre ao seu ritmo assíncrono.
Várias almas circulam, cada um no seu tempo. Cães transitam tanto à frente, com atrás de seus donos!
Ouve-se o grito alegre das crianças que brincam. Às vezes, também as insinuações maldosas de umas para as outras.
Ao longe, ouve-se a voz de uma mãe que tenta impor algum respeito nas suas crias.
O chiar da corda da roupa junta-se a harmonia de vida própria do bairro.
Uma camisola verde aparece-me à vista. É já a segunda vez que me entra assim no olhar. - Gostava de a fotografar. - Penso.
Um grupo de cinco adolescentes entra no largo, mantendo sempre o ritmo da vida do mesmo. - Cátia Santos - distingue-se entre as palavras que eles trocam. Não faço ideia de qual delas é!
Ouve-se agora a música de outro vizinho. Uma voz masculina, grave, lenta, aconchega agora o bairro. Impera o silêncio.
A música lenta e distante provoca um baixar do barulho constante.
Numa janela de rés-do-chão, distingue-se os contornos de uma face já marcada pelo tempo. Uma velhota espreita o seu Antoninho.
Não sei precisar à quanto tempo, aquele olhar atento ali se encontra, mas desconfio que há bastante.
Nada parece escapar à sua vista rodeada de rugas.
Na esquina oposta, contorna um velhote com alguns sacos nas mãos. Acompanho as suas passadas, e noto, que se dirige a porta da nossa rugosa observadora.
A janela esta fechada! Não existe nenhum olhar observador dentro dela.
- Estaria a olhar a vida enquanto esperava o seu companheiro?
Acompanhando a green, delicio-me com uma castanhinha (pequeno bolo de chocolate coberto com um creme também do mesmo sabor). Delícia que se encontra aqui na "Da Mariquinhas".
Ao longe ouve-se uma sirene, portas a abrir e a fechar, pessoas a circular.
Aaahhhhhh. Que bem que se passa uma tarde solarenga num bairro lisboeta. Ser um eterno turista nesta cidade.
*Ramón Gómez de la Serna
in "Greguerías"
2 comentários:
Vivo enquanto espero por ele.
Vivo por mim. Espero por ele.
Saí do parapeito da janela. Saí pela porta à procura de mim. Voltarei e espero por ele à chegada. Mas agora viajo com asas e pés bailadores, corpo todo a respirar a plenos pulmôes!
estou a ver que te fez bem este sol que nos visitou durante o fim de semana!
Lua
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