sábado, agosto 27, 2005

Parvo...

Parvo...

Esta é a minha personagem favorita de Gil Vicente...

No tarot também aparece esta personagem, mas mais conhecida por louco...

Temos também o Rei Lear de Shakespeare. Em que o rei se faz passar pelo bobo da corte...

E por toda a literatura, esoterismo, contos populares, ditados, etc... O parvo é sempre uma figura muito importante, nada respeitada por todos! No entanto é que único que mantêm a sua personalidade imutável e pura.

Não sei porque, mas muitas vezes comparo-me imenso a esta personagem. Alias... acho mesmo que se fosse fazer alguma cena de tarot, sairía essa carta como carta predominante em mim. Até acho que se fosse fazer a peça Rei Lear esse seria o papel que seria escolhido para mim. Do auto da barca já nem falo porque a fiz e fiz de parvo...

Alias... eu acho que até nem faço de parvo... Eu acho que sou mesmo parvo!!!

Para mim a vida é sempre pura e bela. Penso que devimos andar sempre a obrigar o nosso coração a comandar a nossa vida.
Esquecer a razão. Viver com emoção.
Permitir que as energias do mundo nos enchesse com a sua força. E que os nossos sentidos se libertassem e se elevassem ao mais alto estado de espirito.
Sei que fazer isso é difícil. Teriamos de deixar a nossa mente desligar. E só assim seriamos capaz de sentir.

Mas realmente, isto é ser parvo.
É deixarmo-nos enganar.
É deixarmo-nos magoar.
É deixarmo-nos invadir pela solidão constante e omniopresente.

E claro... quando chega a parte de "É deixarmo-nos sonhar" já as magoas que ficaram de trás nos impedem de arriscar a dormir só para não voltarmos a sonhar.

No entanto adoro ser parvo. Adoro poder ver a vida pura e bela. Deixar o canto das sereias ouvir-se. Deixar o riso das crianças ensurdecer-nos. Deixar as orquideas florirem...

Agora uma coisa é certa, ser tomado por parvo doi imenso. Magoa mesmo. Faz o nosso coração sentir-se tão apertado dentro do peito que tudo o resto a volta se esvai num longo e profundo murmúrio.
A visão turva-se.
O nariz aperta.
O toque fica frio.
A audição recusa-se.
O sabor amarga.

Epá... que grande merda de post...
Devo mesmo estar parvo para escrever isto...

Whatever...

4 comentários:

Veruska disse...

O parvo é puro, pode ser confudido por tolo, mas a verdade é que diz tudo aquilo que os outros não tem coragem para dizer, as verdades.. "And u can´t handle the truth"

Anónimo disse...

antes fossemos todos "parvos"...para a verdade ser sempre assumida. só há "parvos" porque volta e meia nos achamos (mesmo que por insegurança...) uns "espertalhões" e não temos consideração pelos outros (e digo "nós" porque é uma atitude aliada ao sentimento do "salve-se quem puder", demasiado propagandeada e propagada...) ainda bem que és um "parvo"... porque no meio desta selva alguém tem de dizer que o rei vai nú.
e nem sempre as pessoas têm consciência de que estão a tomar os outros por "parvos"... "perdoa-os, senhor, que eles não sabem o que fazem".
continua a buscar a felicidade dessa maneira que vais bem! és uma pessoa impecável!

C@B disse...

E eu parvo para o ler!
E como é bom ser parvo nesta vida de parvoíce!

Anónimo disse...

Como eu te compreendo, eu também sou por ser e sou tomado como parvo, não passo um único dia sem ouvir um "és parvo" e porque? Porque digo sempre o que penso, faço o que acho melhor e não minto, o meu comportamento trouxe e vai-me trazer mais problemas...
Aguenta-te ai forte e firme, custa ouvir e ser "menos que os outros" mas no fundo nós "sabemos a verdade e somos felizes"
Fica bem