sexta-feira, setembro 30, 2005

A Vela Arde...

00:10
A vela arde
Deixo os dedos percorrerem estas teclas
Devastar lentamente tudo o que flúi pela mente
Cortar tudo o que percorre na alma
Vejo o fumo a encher a sala
A música invade os ouvidos e deturpa os sentidos
 
A vela arde
Os medos teimam em sair 
As mãos tremem
O corpo não obedece
Nem uma luz ligada aqui dentro
Nem um conjunto lógico sai de mim
As teclas martelam
 
A vela arde
O cigarro acabou
A música mudou
As pessoas são estranhas 
Vejo as paredes cheias de máscaras
Acendo outro
Tenho um site aberto
A mula ligada
 
A vela arde
O fumo cria imagens inconstantes
O blog esta em baixo
As mãos teimam em escrever
O coração parado
Preso em correntes de aniquilação total
 
A vela arde
Os vizinhos gritam
O som atravessa paredes
Nem o Jim os abafa
O fumo acalmou um pouco
A vela arde
Mudo de música
O Jim continua a cantar
Esta agora na rua a gritar para casa
Volto a mudar de música
Roadhouse Blues
Ritmo certo e cândido
Cheio de força
"Mantém os olhos na estrada e as mãos atrás do volante"
Apetece-me partir
All night long
 
A vela arde
Apaguei-o
Já não há fumo
O site continua aberto
A mula continua ligada
Sempre igual
Sempre o mesmo
 
A vela arde
Estou farto
Apago a vela
Vou dormir
01:22 Voltei
Tentei ir dormir
A música não saia da cabeça
Voltei a ligar as colunas
 
A vela arde
Não me apetece escrever
Não sei o que escrever
Quero chorar
Não consigo
AHHHHHHHHHHHHHHHHHHH
Como respeito
Como me curvo perante todos
Todos os que conseguem
Os que permitem verter
Rios e rios fluindo alegremente
Também quero
Quero ter um rio
Esta seco
Era mais fácil
Deitar tudo cá para fora
Não sai
A música não para
Quero parar
Quero desligar
Parar... Parar
 
A vela arde
A vela arde sempre
Quero apagar tudo
Quero chorar
Verter lágrimas cheias de tristeza constante
Para depois parar
Parar
Desligar a mente
Cortar o som
 
A vela arde
E enquanto o vento frio do norte não soprar
 
A vela arde
Quero abrir as asas e voar
Deixar que o vento me leve
Leva-me para chorar
Quero deixar a tristeza de lado
Quero chorar
Só chorar
Se consegues chorar alegra-te
A dádiva maior que se pode ter
Bendito o choro
Também quero uma parte dessa bênção
De todas as coisas boas que tenho
Falta-me a mais importante
CHORAR...
 
A vela arde
Vai arder
Vou-me deitar
Ela vai arder 
Até se extinguir 
Se as lágrimas não a apagam
Então que arda
Que queime tudo
Que aniquile tudo o que não seja vida
Para depois no fim
Debaixo de todo o carvão ressequido 
A vida ressurgir 
Tal mito da Fénix
Imenso milagre
A viagem é sempre boa
"Turn out the lights"

2 comentários:

marta disse...

ena pá, essa vela era xxl, não?? Bom dia pazinho :)

Anónimo disse...

oh moço... as lágrimas fazem mal à pele! Aceita-te assim como és, sem conseguires chorar. Esquece isso: és assim paciência! A dor recalcada há-de sair de outro modo qualquer ;). Por acaso já pensaste q qd se chora no cinema pode ter a ver com o facto de q estamos a concentramo-nos no filme e que, por isso, nos libertamos mais? É só uma ideia claro... e só tu saberás se faz para ti algum sentido ou se nem por isso... jinhos muitos ;) E até um dia destes (Ah! talvez não te fizesse mal ires para projeccionista! eh eh!)