Pois é... comecei este blog com uma dúvida existencial... O que é que eu quero que saia daqui...
Tanta coisa me passou pela cabeça. Desde começar a escrever apenas pelo prazer de escrever, até criar o tal diário que falei ao início e que, nunca em toda a minha vida tinha tido, passando também pela ideia vulgar e generalizada (pelo que fui reparando) que as pessoas aqui usam: Para falar mal de tudo e de nada.
E no fim deste tempo, depois de ter colocado 2 posts ou lá como se chama isto... vou tentar explicar o que se esta a transformar este "local" para mim...
É complicado transmitir isto em palavras... mas esta a transformar-se num local de escrita. Pura e simples escrita...
Um local onde me vou permitir voar com conjugações das letras, que aprendi um dia na escola primária. Dadas por uma professora que tinha o hábito de atirar o apagador de madeira aos alunos que se portavam mal, que tinha encostada a parede e sempre perto da mão aquela vara de cana da india que muitas vezes percorria a sala de aula na direcção de algum aluno menos comportado... Como é que me lembro disto tão bem??? Pois... eu era o gaijo que mais recebia estes "pequenos castigos".
Sim, eu era um daqueles colegas que nenhum pai queria que o seu filho tivesse na escola. Um fala barato, um destabilizador da turma, um anarquista total (se bem que este nome não se possa dar a uma criança, pois elas são inocentes não percebem nada de politica... ou será que percebem mais do que nós???)
Achava que a vida tinha tanto para nos oferecer que, esquecia-me de prestar atenção as coisas que ela ia escrevinhando no quadro de ardósia, com aquele giz branco e que me deixava sempre com o nariz a espirrar. (aposto que foi isso que aumentou a minha rinite alérgica, herdada de nascença do meu pai).
Olhava a minha volta e via sempre tanta coisa nova para explorar. A pequena ave que pousava as vezes, abrigada da chuva, no beiral da sala de aulas. Que um dia mais tarde numa dessas aulas vim a saber chamar-se de pardal.
As sementes que colocamos dentro de pequenos frascos de vidro embrulhadas em algodão. O perceber porque é que as desgraçadas que ficavam dentro do armário fechado e sem lúz não cresciam. E depois olhar para mim e para os meus colegas e ver-nos fechados num "armário" maior. E não compreender porque é que os pais e os professores queriam que a gente cresces-se.
Afinal de contas, eram os mesmos que queriam que a gente percebesse porque é que as sementes que estavam nos frascos de vidro ao sol cresciam.
Era a diferença dos materiais escolares que eu e os meus colegas tinham. Porque é que algumas raparigas, as mesmas que no recreio se juntavam, tinham o mesmo estojo metalico, recheado de canetas de variadíssimas cores! Enquanto que outras, as mesmas que no recreio estavam a um encostadas a um canto, tinham um simples estojo de cabedal, do qual tiravam apenas 2 ou 3 canetas, as tipicas, azul, preto e vermelho (sempre bic) e depois mais um lápiz (daqueles com cor amarela e riscas pretas) e uma afia de metal.
Ver que muitas das vezes o nosso recreio que na altura devia ser de 30minutos, se transformava muitas vezes num recreio de quase 1hora. Porque a professora necessitava de conversar sobre um tema qualquer, fechada atrás de uma porta, com outra professora ou pessoa que a ia visitar. E não perceber porque é que, sempre que um de nós ficasse para trás na conversa com outro colega, eramos repreendidos fortemente. Chegando a ser colocados de pé ao lado dela no estrato de madeira que elevava aquela parte da frente da sala de aula, mesmo por baixo do quadro de ardósia e contendo apenas a secretária da professora por cima. E isto era a parte boa do castigo, porque a parte má colocava-nos sempre de lágrimas nos olhos e uma dor nas mãos ou nas nádegas das palmadas recebidas com a outra régua de madeira que ela tinha para ensinar matemática e outras coisas que tinha de desenhar direitas no quadro.
Tantas coisas mais aprendi nesta minha escola. Tantas coisas aprendi e quase nenhuma percebi...
A vida era mesmo um mar de constante aprendizagem diárias que tinhamos ali a nossa frente.
Era tanta informação que necessitava de absorver a todo o momento que, neste momento de poucas coisas me lembro.
Ainda sei quem foi o primeiro rei de Portugal. Mas ainda não sei quem matou e se mataram a Joana lá em baixo naquela pequena terra algarvia. Será que tenho de esperar outros mil e tal anos para que aprenda isso na escola primária?
Tanta coisa que me vem a cabeça para escrever aqui... Mas acho melhor deixar isto para outros dias e outras vezes que me apeteça escrever sem que me apeteça escrever sobre algo concreto e certo.
Afinal este blog é sobre isso mesmo... Um local onde posso escrever e escrever e escrever e voltar a escrever que ninguêm tem nada a ver com isso. Ou talvês tenham. Ou talvês tenham vontade de não concordar com aquilo que eu escrevi (aposto que se a minha professora da escola primária ler isto de certeza que não irá concordar e quererá criticar... pois bem... até gostaria que ela intervisse. Mas já não sei sequer se ela é viva... Talvês um dia eu a volte a encontrar)
Neste pequeno "papel" virtual irei deixar a minha cabeça desfinar alegremente num conjunto de frases com e sem nexo. Com e sem emoção. Com e sem orgasmos finjidos.
E terei sempre todo o prazer de ver que alguêm leu e comentou estas minhas "diarreias cerebrais" nem que seja para dizer... "CALA-TE e vê se fazes antes algo de útil para a sociedade"
Abreijos
Sem comentários:
Enviar um comentário