domingo, outubro 24, 2004

E se os Tubarões fossem humanos???

Ouvi esta frase numa peça de teatro fabulosa da companhia Trigo Limpo Teatro ACERT, chamada de "pela boca morre o peixe"...
Esta frase ficou-me na cabeça o tempo todo...
Entretanto a peça ia decorrendo e eles iam dando uma ideia imaginaria deles sobre a frase.
Uma ideia bastante correcta e bastante completa com os nossos tempos.
No entanto, e para não repetir as palavras deles, já que isto é o meu blog, vou alterar um pouco a frase: "E se os humanos fossem tubarões???"
Possivelmente irei entrar pelo mesmo discurso deles. Mas para já vou deixar a minha imaginação solta...
Se os humanos fossem tubarões, eu de certeza que seria apenas um peixinho. Não um peixinho palhaço que anda ai tanto na moda por causa do filme do Nemo, mas talvês um peixinho vermelho daqueles que apenas são encontrados em viveiros ou num aquário pertencente a alguma familia pequeno-burguês.
Estaria ali sózinho, a ser alimentado as horas que eles se lembrassem, e não teria utilidade nenhuma senão para o divertimento egocentrico das pessoas que habitassem aquela casa.
Teria uma vida santa e descançada, sem preocupações e crises politicas. Teria apenas de me preocupar se o filtro da água estava limpo e a funcionar em condições, preocuparia-me se eles fossem de férias por algum periodo mais demorado e não deixassem quem me fosse alimentar. Mas provavelmente não teria mais preocupações nenhumas.
O aquário para mim seria suficiente, nadaria o que me apetecesse. Dormiria o que me apetecesse e ainda me sentiria com o EGO super elevado por poder dar a felicidade as pessoas que fossem espreitar ao aquário e dizer que eu sou um peixinho muito bonito e brincalhão.
Infelizmente ou não, a verdade é que continuo a achar que os humanos são tubarões e que eu continuo a ser um peixinho vermelho. Mas não estou em casa de nenhuma familia pequeno-burguês. Estou perdido no meio de um oceano escuro e frio. Em que tenho de andar em cardume para sobreviver. Em que sei que a qualquer momento poderi virar alimento para um outro humano maior. Poderá aparecer algum tubarão com fome, ou então apenas com prazer por comer. E se for um tubarão não haverá problema. E se vier antes uma baleia??? Como irá ser? Estar em cardume só me irá prejudicar, pois se ela abre a boca vão biliões de litros de água recheada com o meu cardume.

Será que é melhor andar sozinho?

Mas se andar sozinho como me irei alimentar? Como irei descobrir o meu caminho pelas correntes frias do mar? Como irei poder contribuir para o resto da sociedade? Como irei procriar? Como irei???... com quem irei comunicar?

E se colocar umas pintas no corpo e for para o meio de outros peixes? E fingir que sou igual a eles? O problema manter-se-á? Continuaremos a ser um cardume a espera de servir de alimento a outro peixe maior... E se... E se comer muito, crescer e mascarar-me de tubarão? Poderei ai salvar alguns dos cardumes por quem passe? Poderei salvar-me a mim... Poderei... pois, mas ai deixarei de ser eu... Deixarei de pensar com um peixe vermelho e passarei a vestir a pele de um tubarão. Passarei a alimentar-me como eles. Passarei a pensar como eles. Passarei a... Sei lá que mais farei....!!!

Afinal qual é a solução? Afinal que se poderá fazer para se sobreviver a isto?

Lembrando-me agora do texto da peça de teatro... eles dizem: "Se fossem os pequeninos a comer os grandes, bastaria um grande para alimentar milhares de peixinhos..."
Não será melhor ser assim? Mas para ser assim os maiores teriam de se sacrificar em detrimento dos mais fracos... Será que eles irão fazer isso?

Pois... tanta coisa me passa pela mente... mas acabo por vir sempre bater a esta encruzilhada...
Afinal de contas...
Que ando aqui a fazer...???
Acho que só descobrirei isso no dia em que aquele "Peixe" superior e espiritual decidir que chegou a minha hora de falecer...

1 comentário:

Anónimo disse...

Obrigado por Blog intiresny