Não, não se preocupem, não vou falar da Série de Televisão "Cheers"...
Vou antes colocar uma pintura de Salvador Dalí e falar de um bar utópico...
Vou antes colocar uma pintura de Salvador Dalí e falar de um bar utópico...
Este quadro não tem nome, no site do Salvador Dalí, esta referida como "Untitled - Scene in a Cabaret in Madrid, 1922".
No entanto deixem-me sonhar...
Deixem-me utilizar estes traços para fechar os olhos e deixar-me estar num ambiente, acompanhado pelo som de uma guitarra, que vai vibrando com canções de amor boémico e romantico/depressivo.
Sentir o cheiro de um channel 5 misturado com o fumo, o cachimbo, o vinho, a cerveja, o café...
Para saborear a bebida, servida naquele copo que o barmen passa a vida a limpar com um pano, mas que vem sempre, sempre sujo.
Ver os sorrisos das poucas mulheres que têm a coragem de cá entrar, envergando a sua mascára, fazendo o seu jogo de sedução, olhando de lado a uns, sorrindo a outros, fixando penetrantemente a uns ainda mais restritos...
Tocar naquelas mesas que nunca se soube bem o que andou lá por cima... Mesas essas que leva muita gente elevar as mãos ao céu e rezar: "Queira Deus, que aquelas mesas e paredes nunca venham a falar".
Deixar aquele ambiente negro e decadente envolver-nos... As cortinas de veludo... a vela vermelha que arde ao lado do cinzeiro... Vela que esta tão bem ali, mas que não ficaria desenquadrada se estive numa campa qualquer de cemitério! O chão de azulejos escuros... As luzes num tom azulado e muito difuso...
As sombras estranhas que se criam nas paredes, vítimas de vários reflexos conseguidos ao acaso por inúmeras personagens que vão entrando e saindo do bar, num anonimato constante e necessário!
As sombras estranhas que se criam nas paredes, vítimas de vários reflexos conseguidos ao acaso por inúmeras personagens que vão entrando e saindo do bar, num anonimato constante e necessário!
Ao fundo, lá longe, ouve-se uma voz grossa e vibrante, gasta já por um incontável número de copos de aguardente, de uma "madame"...
Pelos cantos, vai-se sentido murmúrios, de vários casais, onde não se vê caras, não se conhecem sexos, nada! Apenas se sentem as presenças de alguém que liberta a sua aura das correntes de medos e "regras" sociais.
Hoje estão ali... em seguida sairão ninguém sabe para onde... e amanhã, cada pessoa voltará ao seu dia-a-dia...
E o bar lá estará... Igual a si mesmo, perdido naquela ruela suja e que nunca viu um raio de sol...
Bar que nunca conheceu nada mais que uma penumbra constante e cortante...
E o bar lá estará... Igual a si mesmo, perdido naquela ruela suja e que nunca viu um raio de sol...
Bar que nunca conheceu nada mais que uma penumbra constante e cortante...
Bar que nunca soube o que era aquele ar puro, sem fumos, nem cheiros artificiais, que nunca ouviu nada que não fosse produzido por objectos criados por homens... Bar para quem a natureza é apenas uma palavra que aparece várias vezes na boca ou escrita de um qualquer poeta esfomeado, que troca umas folhas cheias de letras, por uma côdea de pão e um copo de vinho.
E eu..., ali no canto..., observando tudo e todos... deixo a minha alma tornar-se igual ao bar...
3 comentários:
Olha que há sonhos bem mais impossíveis que esse... Podes ir ter com a "Maria" a Madrid, e concerteza irás achar um bar do género :)
Hummm... Olha que ai esta uma ideia interessante... Falta saber se a "Maria" tem pachorra para me aturar...
olha que sim..... outra coisa, eu gosto do cheers :)
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