terça-feira, maio 16, 2006

Canção

Chamas-te-me corista...
Honestamente apeteceu-me mandar-te logo para o caralho!
Mas não consegui! Fiquei literalmente sem reacção.
Admito! Tiveste uma moral que eu não consigo compreender.

Felizmente para mim, ter fama sem ter proveito, é o pão nosso de cada dia! Alias, admito até que gosto disso! Deixar que as pessoas façam as suas anâlises freudianas aprendidas algures no tempo. E pior que isso, é conseguir ter um prazer mórbido, e deitar mais achas na fogueira.

Por isso vou apenas deixar aqui uma música fantástica e intemporal. Uma Homenagem singela a um homem que esteve muito a frente do seu tempo. Corrigindo, ainda esta muito a frente dos tempos!

"Vou perguntar ao mais vidente se o meu futuro será sorridente" ("Linha - Vida" do LP "Anjo Da Guarda" - excerto)

António Joaquim Rodrigues Ribeiro nasce em Fiscal, pequena aldeia do concelho de Amares, Braga a 3 de Dezembro de 1944. O quinto dos dez filhos de Deolinda de Jesus e Jaime Ribeiro, António faz os seus estudos na escola local, ajudando no resto do tempo os pais no campo. Mas a paixão pela música demonstrada desde tenra idade fá-lo-á esquecer muitas vezes os trabalhos da lavoura em favor das romarias e folclore locais.

Aos 11 anos, terminada a instrução primária, experimenta o primeiro ofício em Caldelas. " Ia fazer quinquilharias, mas passado pouco tempo desistiu ", contará a mãe já em 1988, à Imprensa. Mal completa 12 anos abandona a terra natal rumo a Lisboa. Vem para ser marçano, mas acabará por trabalhar num escritório. A tropa fá-la em Angola, mas sem antes pedir à mãe que lhe acenda uma vela a Santo António para protecção. Regressa são e salvo. Mas logo volta a partir, desta feita para Londres, onde permanece um ano a lavar pratos num colégio.

Em 1976 regressa, de novo por pouco tempo. O próximo destino será Amesterdão, onde fica mais um ano e aprende o ofício de cabeleireiro.

Já em Lisboa, dedica-se de dia ao ofício, e à noite à sua paixão pela música, dando espectáculos com um grupo de músicos intitulado " Variações ". E começa então a ser notado pelo seu visual excêntrico e personalizado, com base nas cores e formas originais e em alguns elementos de adorno, como por exemplo os brincos.

Em 1978 apresenta uma maqueta com algumas músicas à editora Valentim de Carvalho e nesse ano assina contrato. Mas terá de esperar quatro anos para poder gravar, porque entretanto Mário Martins e Nuno Rodrigues insistem para que grave, respectivamente folclore ou pop.

Os contactos com profissionais do mundo da música, seus clientes na barbearia, abrir-lhe-ão, entretanto as portas da notoriedade.

Em Fevereiro de 1981 surge pela primeira vez na televisão, no "Passeio dos Alegres" de Júlio Isidro, que o convidará para algumas emissões da "Febre de Sábado da Manhã" na Rádio Comercial.

Em Julho de 1982, já sob o nome António Variações, edita o seu primeiro single, um duplo lado A com "Povo Que Lavas No Rio" - imortalizado por Amália Rodrigues - e "Estou Além", um inédito de sua autoria. Um ano depois sairá o primeiro LP- "Anjo Da Guarda"- que o transformará numa estrela popular à escala nacional.

Depois de inúmeros concertos na época estival, sobretudo em festas e romarias de aldeias e outras pequenas localidades, volta a entrar em estúdio. Entre 6 e 25 de Fevereiro de 1984 grava o segundo e último LP; "Dar E Receber".

Em Abril aparece pela última vez em público no programa televisivo "A Festa Continua" de Júlio Isidro. Será a única interpretação no pequeno ecrã das faixas do novo disco. Quando "Dar E Receber " é editado, semanas mais tarde, já António Variações se encontra internado no Hospital Pulido Valente devido a um problema brônquico-asmático. É já no hospital que ouvirá pela primeira vez na rádio as músicas de promoção do disco.

Debilitado pela doença que se agrava vertiginosamente, é transferido a pedido da família para a Clínica da Cruz Vermelha, onde virá a falecer a 13 de Junho.



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"Tu estás livre e eu estou livre
e há uma noite para passar
porque não vamos unidos
porque não vamos ficar
na aventura dos sentidos

Tu estás só e eu mais só estou
que tu tens o meu olhar
tens a minha mão aberta
à espera de se fechar
nessa tua mão deserta

[refrão:]
Vem que o amor
não é o tempo
nem é o tempo
que o faz
vem que o amor
é o momento
eu que eu me dou
em que te dás

Tu que buscas companhia
e eu que busco quem quiser
ser o fim desta energia
ser um corpo de prazer
ser o fim de mais um dia

Tu continuas à espera
do melhor que já não vem
e a esperança fio encontrada
antes de ti por alguém
e eu sou melhor que nada"

5 comentários:

alice disse...

bom dia ;)

peço desculpa por aparecer sem ser convidada

normalmente, não faço isso

mas não poderia deixar de te agradecer esta referência ao mágico variações

a quem subia ao palco de pés descalços e cara nua

bem hajas por este post

um beijinho,

alice

kikas disse...

Entrei aqui sem querer, mas achei o maximo alguns dos teus textos.
Sobre Variações acrescentei algo ao que sabia.
Amei o texto das multas balneares, ta 5 estrelas.
Se me permitires voltarei concerteza.

BlueTraveler disse...

:) Obrigado pela vossa presença aqui!

Apareçam sempre

marta disse...

epá!!! tu abres o post sem dó nem piedade...chiça...até corei :P

Anónimo disse...

Really amazing! Useful information. All the best.
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